Obesidade na América Latina: causas e estratégias de combate

As taxas de obesidade têm aumentado globalmente, mas o ritmo e o momento desse crescimento variam entre países desenvolvidos e em desenvolvimento. Na América Latina, o aumento recente e acentuado das taxas de obesidade é particularmente preocupante, resultado de características regionais que surgem da interação de múltiplos fatores.

No estudo “Determinants of Obesity in Latin America”, os autores identificaram oito principais determinantes que impactam as taxas de obesidade na região: ambiente físico, exposição alimentar, interesses econômicos e políticos, desigualdade social, acesso limitado ao conhecimento científico, cultura, comportamento contextual e genética.

Essa pesquisa, conduzida por Sandra Roberta G. Ferreira, Yazmín Macotela, Licio A. Velloso (um dos coordenadores do NIM) e Marcelo A. Mori, destaca como as características específicas dos países latino-americanos devem ser consideradas para que as intervenções contra a obesidade sejam eficazes.

A obesidade é diagnosticada quando o Índice de Massa Corporal (IMC) é igual ou superior a 30 kg/m², e está associada a diversas comorbidades, como diabetes mellitus tipo 2, hipertensão, dislipidemia, esteato-hepatite, síndrome dos ovários policísticos, depressão, certos tipos de câncer e até morte prematura.

De acordo com o Atlas Mundial da Obesidade de 2023, a prevalência da obesidade continuará a aumentar na próxima década, especialmente entre crianças e adolescentes. Dada a diversidade étnica e cultural da América Latina, a adoção de medidas universais contra a obesidade é desafiadora, e soluções isoladas tendem a ter impacto limitado. Focar no indivíduo, sem considerar os fatores sistêmicos que tornam certas populações mais suscetíveis, é um erro comum.

Diante disso, o estudo propõe a criação de uma “Força-Tarefa sobre Obesidade” em cada país da América Latina. Esses grupos de trabalho, liderados por autoridades de saúde pública em colaboração com acadêmicos de sociedades científicas e médicas, visariam enfrentar os desafios urgentes da obesidade e criar planos de ação nacionais.

Tais esforços de colaboração permitiriam esclarecer questões prioritárias, identificar intervenções eficazes, monitorar o progresso, e envolver as partes interessadas, incluindo agências de financiamento, em um esforço coletivo. A proposta também inclui a criação de uma rede latino-americana para promover o intercâmbio e o diálogo entre países, ajudando a compartilhar experiências, reconhecer diferenças regionais e desenvolver planos adaptados a cada contexto.

O objetivo do estudo é fornecer orientações para soluções locais eficazes, defendendo uma abordagem holística na luta contra a obesidade na América Latina, com impactos potenciais na forma como a obesidade é percebida, prevenida e tratada na região.

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