Com o objetivo de discutir os avanços científicos e fomentar parcerias estratégicas em neurociência, entre os dias 11 e 13 de novembro de 2024, o Auditório do Instituto de Biologia da Universidade Federal Fluminense (UFF), no Rio de Janeiro, recebeu o XII Simpósio de Neurociências da UFF e do VII Simpósio de Neurociências UFF-Fiocruz. O evento foi uma iniciativa conjunta do Programa de Pós-Graduação em Neurociências da UFF e do Instituto Oswaldo Cruz (Fiocruz).
O simpósio, que se consolida como um dos principais eventos do gênero no Brasil, foi marcado por sua capacidade de promover a integração entre pesquisadores de instituições nacionais e internacionais, bem como pela relevância de suas temáticas.Segundo Cecilia Hedin-Pereira, pesquisadora do INCT-NIM (Fiocruz/UFRJ) e integrante da comissão organizadora, o evento reforçou o papel da neurociência no entendimento e na resolução de problemas contemporâneos. “O simpósio deste ano abrangeu desde neurociência básica, processos neuroquímicos e doenças neurodegenerativas até aspectos educacionais e transtornos mentais. Exploramos todo o caminho entre ciência básica, aplicações clínicas e a transmissão de conhecimento para a sociedade, incluindo o papel da neurociência na educação. Um dos destaques foi o debate sobre os impactos nutricionais na cognição, com abordagens contemporâneas sobre o eixo intestino-cérebro e sua influência na saúde humana e animal”, afirmou.
Entre os destaques do simpósio, estiveram as apresentações dos pesquisadores do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Neuroimunomodulação (INCT-NIM), que trouxeram contribuições de ponta para o evento. O Dr. Vinicius Frias Carvalho (Fiocruz/INCT-NIM) explorou o “Papel da interação intestino adrenal na hiperatividade do eixo HPA em animais diabéticos”. A relação entre nutrição e função cerebral foi amplamente debatida, com a Dra. Andreza Fabro de Bem (UNB/INCT-NIM) questionando como as escolhas alimentares afetam o cérebro em sua palestra “O seu cérebro gosta do que você come?”, enquanto o Dr. Hugo Caire Castro Faria Neto (Fiocruz/INCT-NIM) discutiu os efeitos da síndrome metabólica na cognição, e o vice-coordenador do INCT-NIM (UNICAMP), Dr. Lício Augusto Velloso, abordou os danos hipotalâmicos causados por fatores dietéticos.
A programação, que contou com a participação de palestrantes de instituições como Stanford University, Tufts University e Colorado State University, também trouxe à tona discussões sobre saúde mental no contexto da saúde pública e do terceiro setor, mediadas pelo pesquisador da Fiocruz e coordenador do INCT-NIM, Dr. Wilson Savino. Além disso, a Dra. Priscilla Bomfim (UFF/INCT-NIM) conduziu um debate sobre as aplicações da neurociência na educação, conectando descobertas científicas a práticas pedagógicas, como explica: ” A Neurociência aplicada à Educação, uma área interdisciplinar em expansão, busca compreender os processos cognitivos e comportamentais envolvidos na aprendizagem. Este minisimpósio destacou como pesquisas científicas abordam questões do processo de aprendizagem, incentivando a disseminação de conhecimentos na interface entre neurociências e educação, com base em evidências científicas para revisar práticas educativas. Foram apresentados estudos que sugerem novas estratégias educacionais adaptadas à realidade brasileira, promovendo boas práticas e benefícios sociais. Também foram debatidos neuromitos, desmistificando concepções equivocadas sobre neurociências na educação, com contribuições da Dra. Analía Arevalo (USP), que trouxe uma perspectiva crítica; da Dra. Nara Côrtes Andrade (UFMG), que explorou práticas inclusivas baseadas em jogos para estimular o desenvolvimento cerebral; e do Dr. João Ricardo Sato (UFABC), que abordou avanços na interseção entre pedagogia e neurociência.”
Ao longo dos três dias, os participantes tiveram a oportunidade de assistir a conferências, minisimpósios e sessões de pôsteres, além de homenagens a pesquisadores como a professora Ana Lucia Marques Ventura.